Notícias
Ação coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal leva conscientização a motoristas em frente ao Jardim Botânico de Brasília (JBB)
Todo ano no início do período seco, a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal (SEMA) organiza uma série de Blitzes com o objetivo de conscientizar e alertar a população sobre a proibição e os perigos da queima de lixo e restos de poda, que são as principais causas de incêndios florestais no DF. As operações são promovidas pelas instituições parceiras do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do DF (PPCIF) que funciona como um sistema de parcerias institucionais que visam à proteção do Cerrado. O IBGE integra o PPCIF e participa juntamente com as demais instituições das diferentes ações do grupo apoiando atividades como essa, voltadas a educação ambiental, mas também ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no DF.
A Blitz realizada em frente ao Jardim Botânico foi a terceira de quatro planejadas para o ano de 2024 e teve a participação dos alunos da 4° série do fundamental I da Escola Classe do Jardim Botânico.
A abordagem aos veículos que passavam pela DF-035 (Estrada Parque Cabeça de Veado - EPVC) na manhã dessa quarta-feira 05/06/2024 contou com o apoio do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Em seguida, equipes compostas pelos alunos da Escola Classe do Jardim Botânico e representantes do IBGE , Jardim Botânico de Brasília (JBB), Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal CBMDF, Marinha, Aeronáutica, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos IBAMA alertavam motoristas e passageiros sobre a destinação correta do lixo e restos de poda e quanto aos cuidados necessários para evitar incêndios nas áreas de cerrado. As equipes, que contaram ainda com as mascotes Lobo-guará e Labareda, distribuíram cerca de 430 kits com material educativo.
Os servidores da Reserva Ecológica do IBGE, Mariza Alves de Macedo Pinheiro e Leonardo Lima Bergamini participaram da ação. Para Mariza, "Essa conscientização é fundamental para sensibilizar a população e o envolvimento das crianças ajudando transmitir essa mensagem foi o ponto alto da ação. Com certeza serão ótimas multiplicadoras".
Os pesquisadores Luiz Henrique Vieira Lima e Romane Tisserand, pós-doutorandos supervisionados pelo professor Clístenes Williams Araújo do Nascimento do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), estão utilizando as amostras do Herbário situado na Reserva Ecológica do IBGE em maio de 2024. O Herbário possui uma extensa coleção de plantas coletadas e estudadas há muitos anos por pesquisadores do IBGE e de outras instituições. Segundo o pesquisador Luiz Henrique: “É a primeira vez que esta abordagem de pesquisa está sendo realizada no país por essa equipe e conta com apoio do CNPq” (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Da esquerda para a direita: Luiz Henrique Vieira Lima e Romane Tisserand. Foto: SES/DF
O projeto aborda a prospecção de plantas hiperacumuladoras de metais, espécies raras capazes de acumular estes elementos em concentrações centenas a milhares de vezes maiores do que as plantas comuns. Essas plantas têm um grande potencial para a recuperação de áreas degradadas, contaminadas ou poluídas, além de poderem ser utilizadas em uma técnica chamada agromineração.
Segundo Luiz Henrique, os herbários são fundamentais para o estudo por possuírem milhares de amostras de plantas com alta diversidade geográfica, gerando economia de recursos financeiros, humanos e de tempo, além de reduzir os impactos ambientais envolvidos no processamento e análises químicas das plantas. A técnica utilizada para analisar as exsicatas é a Fluorescência de Raios X portátil (FRXp). Esse equipamento permite determinar as concentrações de metais nas amostras de plantas diretamente nos herbários. Assim, os pesquisadores podem viajar pelos herbários do país e analisar milhares de espécies por mês, provenientes de diversas regiões, sem a necessidade de se deslocar até os locais de ocorrência das plantas e avaliá-las in situ.
Pesquisadores utilizaram as amostras do Herbário situado na Reserva Ecológica do IBGE. Foto: SES/DF
O Herbário do IBGE é um dos mais importantes para o estudo, devido à sua vasta coleção da flora do estado de Goiás, uma região com um complexo ultramáfico extenso. As áreas ultramáficas são consideradas regiões mais prováveis para a ocorrência do fenômeno da hiperacumulação devido ao enriquecimento natural de solos por metais. O município de Niquelândia, em especial, já é bem conhecido por possuir solos com uma das maiores concentrações de níquel do planeta, onde foram identificadas algumas espécies hiperacumuladoras.
Os solos dessas áreas, chamados de ultramáficos, cobrem cerca de 3 % da superfície terrestre e são ricos em metais, especialmente níquel, cromo e cobalto. No entanto, são pobres em nutrientes como fósforo e nitrogênio. Devido a essas características, esses solos não são adequados para a agricultura, pois são tóxicos para as plantas cultivadas, o que pode causar danos à saúde da população que consome esses alimentos. Dessa forma, esses locais são mais apropriados para atividades de mineração.
Com o tempo, os custos de extração de metais em áreas mineradas podem se tornar tão elevados que a continuidade da atividade se torna inviável, levando muitas vezes ao fechamento dessas zonas extrativistas. A recuperação dessas áreas pode ser realizada com o uso de plantas hiperacumuladoras, que revegetam o solo e promovem a melhoria de seus atributos químicos, físicos e biológicos. Além disso, o uso dessas espécies na agromineração permite a recuperação de metais a partir da biomassa vegetal, proporcionando um retorno econômico. Portanto, essa abordagem representa uma utilização não convencional dos herbários para prospectar plantas que possam ser usadas de forma inteligente na gestão dos recursos naturais, contribuindo significativamente para a mitigação de impactos ambientais.
Link para entrevista da CAPES sobre agromineração: Tecnologia usa plantas na mineração e recuperação de solos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou no dia 25 de março, uma nova página na internet com acesso às suas coleções biológicas. O site apresenta os três acervos biológicos do instituto: Herbário RADAMBRASIL, localizado no Jardim Botânico de Salvador (BA), e Herbário IBGE e Coleção Zoológica, localizadas na Reserva Ecológica do instituto em Brasília (DF). Por meio da página é possível conhecer um pouco da história e evolução das coleções, além de acessar informações detalhadas sobre os exemplares, incluindo fotografias em alta resolução. A nova página do IBGE é destinada a estudantes, pesquisadores, educadores e ao público em geral interessado no conhecimento e conservação da biodiversidade.
Fundado em 1977, o Herbário IBGE em Brasília, que fica dentro da Reserva Ecológica da instituição (Recor), abriga uma coleção significativa de plantas do cerrado e exemplares de outras regiões. Além disso, a Recor possui uma vasta coleção zoológica que abrange aves, mamíferos, peixes e insetos e agora está empenhada na informatização e no compartilhamento online da sua rica coleção de insetos, promovendo a educação ambiental e a pesquisa científica. A informatização desses dados é um passo importante para garantir que a riqueza da fauna do cerrado brasileiro esteja ao alcance de todos.
Segundo o analista de Biodiversidade do IBGE, Leonardo Bergamini, cada exemplar da coleção está sendo meticulosamente catalogado, recebendo um número de tombo e uma etiqueta com QR Code para identificação individual. Esse número de tombo contém informações cruciais, como o local de coleta, a data e a espécie do exemplar. O pesquisador falou sobre o tamanho da coleção e objetivo do trabalho. “A coleção de insetos é particularmente impressionante, com mais de 70 mil exemplares. Embora ainda não esteja completamente informatizada, o processo começou no início de março e já foram catalogadas 300 abelhas. Essa iniciativa visa não apenas preservar o conhecimento sobre a biodiversidade local, mas também permitir que pesquisadores, estudantes e entusiastas explorem esses registros valiosos”.
Leonardo Bergamini - analista de Biodiversidade do IBGE. Foto: Lucas Cunha/SDI-DF
De acordo com o pesquisador, a partir dessas informações será possível saber quais são as espécies que existem na região, qual a distribuição de cada uma e em que local ela pode ser encontrada. “Como temos a data da coleta, também conseguimos perceber até qual determinado período de tempo aquela espécie foi registrada na região e quando ela desapareceu. Também podemos perceber se houve uma invasão biológica, ou seja, a partir de qual período de tempo determinada espécie começou a aparecer na nossa região. São informações que servem para entender como está e quais são as tendências da biodiversidade ao longo do tempo”, afirmou.
Segundo Bergamini, o trabalho tem diversas aplicações para a sociedade, sendo muito importante do ponto de vista de conservação, ecológico e aplicável. Ele explica que muitas dessas espécies de insetos são pragas agrícolas, então é fundamental saber onde elas ocorrem. “As abelhas que estudamos aqui na Reserva Ecológica prestam um serviço de polinização na agricultura, muitas espécies de plantas não produzem se não forem ‘visitadas’ por abelhas. Para conseguirmos quantificar esse serviço, a gente tem que saber onde as abelhas ocorrem, quais espécies têm em cada região e quais plantas elas visitam”.
Espécies de abelhas coletadas na Reserva Ecológica em Brasília. Foto: Lucas Cunha/SDI-DF
Com uma extensão de 1400 hectares, a Reserva Ecológica do IBGE é um local onde coletas frequentes resultam no registro de novas espécies de abelhas que ainda não haviam sido observadas na região. Essa atividade contribui significativamente para o conhecimento da biodiversidade local e para o entendimento das interações entre as abelhas e o ecossistema “A Reserva é um local estudado intensamente desde os anos 70 e até hoje fazemos uma coleta e aparecem coisas novas. Então ainda tem muita coisa para ser estudada e precisamos investir nisso. A diversidade de espécies favorece a estabilidade do equilíbrio ecológico. A diversidade de plantas nativas depende dessas associações para ser mantida. Por incrível que pareça, estamos em 2024 e o Cerrado ainda é um bioma pouco estudado”, explicou Bergamini
Espécie de abelha vista através do microscópio. Foto: Lucas Cunha/SDI-DF
A Reserva possui importante e representativa base de dados e de informação científica sobre o Cerrado, proveniente de estudos ecológicos através de amostragem ou experimentação, inventários padronizados da fauna e da flora, e estudos ambientais integrados sob perspectivas de vulnerabilidade e risco ecológico. Essa produção de conhecimento foi resultado do trabalho de servidores do IBGE e de instituições parceiras, nacionais e estrangeiras. “A partir desses exemplares de coleção é possível coletar amostras de DNA, então é possível fazer vários outros estudos. É uma grande biblioteca ambiental de referência e uma infraestrutura básica de pesquisa que serve de base para inúmeros outros trabalhos”, finalizou o pesquisador.
Saiba mais: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39545-ibge-lanca-site-dedicado-as-suas-colecoes-biologicas
Na última quarta-feira, dia 29 de maio de 2024, os servidores e colaboradores do IBGE comemoraram os 88 anos da instituição com atividades esportivas e almoço. O evento foi realizado na Reserva Ecológica do IBGE, local privilegiado com fauna e flora do cerrado, fonte de pesquisas há mais de 40 anos. Servidores da ativa e muitos aposentados participaram da festa, além do Superintendente do Distrito Federal, Gabriel Moreira Antonaccio e seu substituto Marcelo Alessandro Nunes, e o Gerente da Reserva Ecológica, Mauro César Lambert de Brito Ribeiro e seu substituto Luciano de Lima Guimarães.
Ibegeanos do Distrito Federal – homenagem aos 88 anos do IBGE
Para as festividades foi realizada uma corrida de orientação no estilo Rogaine, com pontos distribuídos por toda a Reserva Ecológica. Os participantes receberam o mapa com os pontos a serem alcançados e ouviram uma palestra explicando a atividade e algumas particularidades sobre o bioma Cerrado. A capacidade de leitura dos mapas e a estratégia adotada são tão importantes quanto a velocidade dos atletas. Os vencedores da prova são aqueles que acumulam mais pontos dentro do tempo estipulado (120 minutos). Segue a lista dos vencedores de 2024:
Colocação |
Categoria Masculina |
Categoria feminina |
1° |
Danilo Borges Nogueira |
Emília Braga |
2° |
Frederico Fernandes Pinto |
Thanan Walesza Pequeno Rodrigues |
3° |
Nelty Vinícius dos Santos Espindula |
Kadidja Fideralina Barbosa de Oliveira |
Placas identificando ponto Q (40 pontos) – servidor e organizador da corrida, Frederico Scherr
Além da corrida, os servidores puderam participar do famoso futebol da Reserva, com sorteio de prêmios ao final. Os servidores e aposentados homenageados por tempo de serviço receberam suas honras do Superintendente da SESDF e do Gerente da Reserva.
Equipes do torneio de futebol
O evento também foi marcado pela despedida do servidor Francisco Inácio de Carvalho, que está se aposentando após completar 5 décadas de um dedicado trabalho na Reserva Ecológica.
Brasília presenteou os festejos com um céu maravilhoso, presente na época da estiagem de chuvas entre abril e outubro na região.
Lista de homenageados em 2024:
20 anos – Betânia Tarley Porto de Matos Goes
40 anos – Mauro César Lambert de Brito Ribeiro
40 anos – Nelson Maciel Torres
50 anos – Francisco Inácio de Carvalho
Aposentada – Terezinha Maria Santana de Carvalho
Participante surpresa da corrida de orientação
A equipe da Gerência de Meio Ambiente e Geografia (GMAG/SES/DF) realizou um levantamento florístico em Caiapônia/GO no período de 31 de julho a 05 de agosto de 2023. O material botânico coletado será incorporado ao Herbário IBGE, localizado na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília/DF.
Equipe realizando coleta botânica. Foto: Acervo IBGE
Os herbários constituem locais onde são mantidas amostras de plantas desidratadas colhidas na natureza. Uma verdadeira coleção botânica destinada à pesquisa científica sobre sua origem, classificação e diversidade. São coletadas, em geral, plantas que apresentam flores ou frutos, no momento da coleta, caracteres importantes para a identificação das espécies.
Os acervos dos herbários documentam uma vasta gama de dados valiosos, como características morfológicas, químicas e genéticas dos indivíduos preservados, além de observações obtidas durante o evento de coleta, como a localização, data, descrição do ambiente, associações entre espécies etc. Assim, são um repositório permanente e acessível de exemplares botânicos corretamente identificados e com descrição de área de ocorrência, servindo de testemunho da distribuição das plantas em diferentes áreas do Brasil.
Espécime sendo coletada pela equipe do IBGE. Foto: Acervo IBGE
O Herbário IBGE, em particular, tem como finalidade ser depositário de amostras da biodiversidade vegetal da região do Cerrado. Atualmente, são mais de 85 mil amostras de plantas, devidamente preparadas para serem mantidas por longos períodos de tempo (denominadas exsicatas) e 3.549 amostras diversas (que incluem frutos, madeiras, dentre outros).
As viagens de coleta são importantes momentos de estudo de novas áreas e descoberta de novas espécies não catalogadas, contribuindo para a ampliação do acervo dos herbários e do conhecimento sobre a diversidade vegetal. A equipe do Herbário IBGE tem buscado identificar e concentrar esforços de coleta em áreas com pouca ou nenhuma amostragem anterior. Dessa forma, a região de Caiapônia foi selecionada. Foram quatro dias de coleta, abrangendo diferentes fitofisionomias do Cerrado (cerrado rupestre, cerrado denso, cerradão, mata seca, matas de galeria etc.). Foram coletadas mais de 300 amostras de plantas, que serão devidamente identificadas e preparadas para incorporação ao acervo do Herbário. Do material coletado são retiradas duplicatas para intercâmbio científico como doações e permuta com outros herbários. A equipe do Herbário IBGE deverá retornar a Caiapônia na estação chuvosa, de forma a complementar esta coleta realizada na estação seca, visando obter plantas que florescem e/ou frutificam nas duas estações.
Para conhecer mais:
https://recor.ibge.gov.br/pesquisa-cientifica/herbario-ibge.html
https://www.rbg.ibge.gov.br/index.php/rbg/article/view/2212
A Reserva Ecológica do IBGE é uma área protegida de interesse científico sob gestão do IBGE, que abriga uma grande diversidade de ecossistemas e oferece proteção para mais de quatro mil espécies registradas, entre animais, plantas e fungos. Entre elas destacam-se 57 ameaçadas e quase ameaçadas de extinção e cerca de 91 espécies endêmicas do bioma Cerrado, como a Lobelia brasiliensis, uma planta da família das campanuláceas, endêmica do Distrito Federal e entorno. Esse subarbusto, que apresenta pendões de flores roxas e pode chegar a medir até 4 metros de altura, é encontrado em áreas com solo hidromórfico, como brejos, campos e locais úmidos, assim como em mata seca, mata de galeria e buritizais. No entanto, é uma espécie rara e há poucas informações disponíveis sobre ela. Embora seja apreciada por seu potencial ornamental, os estudos científicos escassos indicam que ela requer condições específicas de água e incidência de luz para germinar, o que dificulta sua reprodução em ambientes fora do seu habitat natural.
Alguns servidores da Reserva Ecológica do IBGE relataram atropelamento de animais silvestres próximo à Reserva. Na manhã do último dia 28 de março de 2023, um lobo-guará de grande porte foi atropelado e morto na BR-251/DF-001, em trecho que circunda a Área de Proteção Ambiental (APA) das Bacias do Gama e Cabeça de Veado, na altura da Reserva Ecológica do IBGE. No dia 31 de março, a vítima foi uma capivara, atropelada próximo à portaria da Reserva.
Lobo-guará atropelado. Foto: Marcílio Soares de Souza
Capivara atropelada. Foto: Luciano de Lima Guimarães
Após recapeamento do asfalto e melhorias nesse trecho da BR-251/DF-001, muitos carros transitam em alta velocidade, desrespeitando a sinalização de trânsito. Dessa forma, os serviços na rodovia melhoraram o fluxo de veículos com redução de danos causados pelos buracos, no entanto, acabaram trazendo riscos adicionais à passagem de animais silvestres pela rodovia.
Nesse sentido, fica nítida a urgência de medidas para minimizar esse problema. Dentre as opções, estão a instalação de redutores de velocidade (físicos ou de fiscalização eletrônica), passagens de fauna, sinalização educativa, fiscalização de limites de velocidade e do respeito às normas de trânsito. Entretanto é fundamental que nesse processo sejam levados em conta informações de grupos de pesquisa que trabalham com o tema de atropelamentos da fauna para garantir a maior efetividade das medidas.
Não é segredo que a Reserva Ecológica do IBGE apoia trabalhos científicos voltados à conservação do meio ambiente e ao conhecimento da biodiversidade, especialmente do Cerrado.
A partir de novembro de 2021, a RECOR voltou a receber pesquisadores e estudantes no desenvolvimento de seus projetos científicos.
Até junho de 2022, já foram dezenas de visitantes registrados na área, desde estudantes de graduação acompanhados de professores, a pesquisadores com extensos projetos de pesquisa.
Muitos ainda visitam nossas coleções científicas com o intuito de desenvolver seus trabalhos e acabam contribuindo com o enriquecimento do acervo, tanto em quantidade, como em qualidade.
O Herbário IBGE é uma das referências no DF quando se fala em plantas do Cerrado. E não é à toa que boa parte dos nossos visitantes têm a botânica como foco de seus estudos.
Segundo a curadoria da coleção, as visitas frequentes de pesquisadores, aliadas ao banco de dados disponível na internet, são os maiores responsáveis pelas determinações e revisões de nomes científicos dos espécimes do acervo. Esse contínuo crescimento qualitativo é essencial para manter o acervo atualizado e dar credibilidade ao trabalho desenvolvido pela própria curadoria. Somente nos últimos 8 meses, foram registradas no banco de dados do Herbário IBGE cerca de 2200 alterações e atualizações de nomes científicos nas exsicatas.
Um bom exemplo dessa contribuição conjunta foram as visitas do professor Bruno Francisco Sant`Anna dos Santos e do estudante de mestrado Luiz Lima Carvalho, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, entre os dias 26 e 29 de junho de 2022. O objetivo da viagem foi acompanhar o período de floração de parte das espécies da família Arecaceae que ocorrem dentro da área da Reserva. Além do trabalho de campo, a visita ao Herbário foi importante para revisar e atualizar os exemplares da coleção quanto às determinações científicas.
Coleta realizada pelos pesquisadores na área da RECOR e depositada no herbário IBGE |
Exemplo de atualização de nome científico realizada durante a visita à coleção – As pequenas etiquetas brancas afixadas entre o rótulo principal do exemplar e o carimbo do IBGE registram as atualizações realizadas ao longo do tempo. |
Os dados coletados por Luiz farão parte de sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Botânica da UFPR.
Em conversa com a equipe da curadoria, o estudante destacou a excelência da coleção de Arecaceae do Herbário, o que possibilitou a coleta de informações relevantes. O Prof. Bruno, já em sua segunda visita ao IBGE, ressaltou ainda a disposição dos colegas do IBGE em recepcionar os pesquisadores com muita dedicação e simpatia e agradeceu a todos os colegas do IBGE pela excelente acolhida. Luiz ainda disse ter ficado positivamente surpreso, desde a sua primeira visita à Reserva do IBGE, pela excelente estrutura disponível aos pesquisadores, como um alojamento, restaurante e o transporte até a Rodoviária.
A solicitação de acesso à RECOR para desenvolvimento de projeto de curta ou longa duração segue procedimentos bastante simplificados, disponível aqui no site.
Agendar uma visita ao herbário é ainda mais simples, basta contato com a curadoria por e-mail ou telefone, acesse aqui a página do herbário para mais detalhes.
Em artigo científico publicado na revista Nauplius em março deste ano, servidor da Reserva Ecológica do IBGE Mauro César Lambert Brito Ribeiro, em coautoria com outros três pesquisadores, escreve sobre aspectos até então desconhecidos da única espécie de camarão endêmica do Distrito Federal, o Macrobrachium candango. O artigo baseia-se nas coletas realizadas pela equipe da Reserva em todas as unidades hidrográficas do Distrito Federal e Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF).
Segundo a pesquisa, características biológicas como a baixa fecundidade, o padrão de distribuição e o grau de ameaças em sua área de distribuição apontam para a necessidade de proteção e monitoramento da espécie. O Macrobrachium candango tem distribuição restrita aos afluentes do Lago Paranoá, com baixa abundância em locais submetidos à algum grau de intervenção do ser humano na natureza, e maior abundância em áreas protegidas, como nos córregos Taquara e Roncador.
"O camarão analisado é mais uma espécie bastante vulnerável sob a proteção da Reserva Ecológica do IBGE e sob o monitoramento a cada cinco anos por sua equipe técnica de ecologia aquática”, explica Ribeiro. Foram 520 pontos de coleta entre os anos de 1983 e 2012. Todos os exemplares utilizados no estudo estão depositados na Coleção de Crustáceos Aquáticos IBGE, a maior sobre a espécie.
Confira o artigo completo: Filling gaps in the biology of the endemic and threatened freshwater shrimp Macrobrachium candango (Caridea: Palaemonidae) through basic morphometric and reproductive approaches.
A partir do mês de maio, começa a estiagem em Brasília e o clima seco serve como aviso: é chegada a hora de iniciar os aceiros na região. Manual, com máquina ou com uso controlado de fogo, a prática é uma das principais formas de prevenir incêndios florestais e é realizada todos os anos na Reserva Ecológica do IBGE e em seus arredores. A queimada controlada (aceiro negro) foi efetuada nos dias 12, 13 e 14 deste mês.
A operação foi comandada pelo gerente de preservação do Jardim Botânico, Diego Miranda, e contou com a participação de servidores e brigadistas do IBRAM, FAL/UnB, Reserva Ecológica do IBGE, CIAB/Marinha, ALA1/Aeronáutica, Prevfogo/IBAMA, DER, CBMDF, todos parceiros do grupo do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais no Distrito Federal – PPCIF/DF, coordenado pela SEMA. Foram realizados 30 quilômetros de aceiro negro, do portão dois do Jardim Botânico até a Marinha, finalizando no Parque Ecológico do Tororó.
Além da participação de servidores como o brigadista voluntário Bento da Silva Barros, que atua desde 1986 na atividade, o IBGE também contou com o trabalho de seis brigadistas florestais contratados para monitorar a área da Reserva Ecológica no período de seca, entre julho e dezembro. Bento explica que os aceiros com máquina, realizados em toda área de divisa da Reserva, começaram em junho. O aceiro negro foi realizado posteriormente.
Além de todos os cuidados necessários para realização das queimadas controladas, o Instituto também oferece um caminhão-pipa para dar mais segurança à operação. “Na execução dos aceiros negros, o IBGE disponibiliza um caminhão-pipa com tanque d’água de 5 mil litros. O caminhão-pipa é uma ferramenta do IBGE que está disponível o ano inteiro. Além de servir para combate a incêndios florestais, a gente utiliza diariamente, conforme a necessidade”, conta.
Cerrado tem proteção natural contra o fogo, mas é preciso preservar
O desenvolvimento do bioma Cerrado caminhou junto com a ocorrência do fogo na região. Isso é visível nas características da vegetação que predomina na área: árvores com cascas grossas para proteger contra o fogo e grandes reservas de nutrientes nas raízes para favorecer a rebrota nos casos em que as chamas são muito intensas. Mesmo as plantas rasteiras também mostram estratégias como produção de sementes resistentes ao fogo ou estruturas subterrâneas protegidas prontas para rebrota depois dos incêndios.
Diante dessa coexistência do Cerrado com o fogo, por que então prevenir os incêndios na região? “Essa necessidade surge com as mudanças que os humanos trouxeram nessa relação. Incêndios naturais provavelmente ocorriam com baixa frequência, iniciados por raios que vinham com as primeiras chuvas do fim da seca. Atualmente, os incêndios de áreas de cerrado desprotegidas são muito mais frequentes e são causados por atividades criminosas ou pelo descontrole do fogo usado para queima de lixo ou “limpeza” de terrenos vizinhos de áreas naturais. Tais incêndios muitas vezes saem do controle quando ocorrem no meio da estiagem. Nesses cenários, até mesmo porções de vegetação que naturalmente não queimariam, como as matas de galeria, podem ser atingidas pelas chamas e sofrerem impactos aos quais não tem estratégias naturais de defesa”, explica o analista de biodiversidade do Centro de Estudos Ambientais do Cerrado do IBGE (GEC) Frederico Takahashi.
Ainda segundo o servidor, Unidades de Conservação como a Reserva Ecológica do IBGE precisam de cuidado redobrado contra incêndios acidentais ou criminosos. Isso porque na área são conduzidos diversos estudos científicos avaliando múltiplos aspectos da ecologia do Cerrado, alguns realizados continuamente por décadas. Dessa forma, um incêndio pode não só trazer um impacto para a biodiversidade da área, que demoraria anos para se recuperar, mas também impediria a conclusão de diversos estudos que visam entender melhor as características e o funcionamento do Cerrado. Apesar do fogo poder ser usado no manejo de área protegidas, de modo a simular os incêndios naturais, esses precisam ser conduzidos de forma controlada e baseada em estudos para definir onde e quando deve ser utilizado. E para o emprego do fogo como ferramenta de conservação, é vital uma equipe de brigadistas capacitada para conduzir as queimadas de forma a atingir somente as áreas pré-definidas.
Com a chegada da estação seca, vem o aumento do risco de incêndios em áreas de Cerrado devido à redução acentuada da umidade do ar e a interrupção das chuvas na região. Nesse período, há também o acúmulo de material vegetal seco nas áreas naturais por causa da queda das folhas de boa parte das árvores além do ressecamento de folhas e caules de herbáceas, como os capins. Esse material vegetal seco acumulado naturalmente sobre o solo das áreas de Cerrado aumenta o risco de propagação e intensificação de incêndios provenientes de ações criminosas deliberadas ou de manejos incorretos nas área vizinhas, como a “limpeza” de terrenos com fogo ou a queima de lixo.
Nesse sentido, a Reserva Ecológica do IBGE retomou no dia 08 de julho as atividades da equipe da brigada contra incêndios florestais. Desde 2020, a Reserva passou a contar com o apoio de uma brigada contra incêndios florestais profissional por meio de contrato de prestação de serviços continuados com empresa privada. Dessa forma, a unidade passou a ter a disposição, durante 6 meses do ano, duas equipes formadas por um chefe de esquadrão e dois brigadistas (cada equipe trabalhando em regime de 12/36 horas). Esses colaboradores, aprovados em Curso de Formação de Brigadas de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais ministrado pelo Prevfogo/Ibama ou ICMBio, são responsáveis pela vigilância contra incêndios florestais, combate a focos de incêndios e notificação ao corpo de bombeiros em casos de incêndios de maiores proporções. Adicionalmente, esses profissionais executam ações de prevenção de incêndios na área, como a manutenção de aceiros e roçagem de áreas com risco de propagação de chamas, e fornecem apoio às atividades científicas e de conservação na Reserva. Todas as atividades dos brigadistas profissionais (terceirizados) são coordenadas por servidores brigadistas da Reserva Ecológica do IBGE de modo que a experiência com o histórico de incêndios na área e com a operação da infraestrutura seja aproveitada pelos novos brigadistas.
Para conhecer mais da história da brigada contra incêndios da Reserva Ecológica do IBGE, visite a seção do nosso site: Infraestrutura e apoio → Brigada contra incêndios.