Grupo de pesquisa liderado pela professora Dra. Thanan Rodrigues do Instituto Federal de Brasília em parceria com a equipe da Reserva Ecológica do IBGE tem aprimorado o uso de diferentes técnicas de mapeamento por sensoriamento remoto focadas nas peculiaridades do Cerrado usando para isso a Reserva como área de teste. O projeto em andamento na Reserva resultou em publicação científica em janeiro desse ano, com objetivo de ampliar as discussões e ferramentas de monitoramento e controle ambiental, com grande potencial para detecção e acompanhamento de áreas que necessitam de manejo ambiental.
O monitoramento de áreas preservadas é uma medida essencial em regiões com grande interferência humana, como é o caso do Cerrado. Estas áreas estão sujeitas a ações que vão desde a conversão de uma área natural para uso humano, como agricultura, pecuária ou urbanização, até alterações mais sutis como o corte seletivo de árvores, introdução de espécies invasoras e mudanças nos locais de ocorrência de tipos de vegetações naturais induzidas por alterações no ambiente. Dessa forma, o monitoramento é uma ferramenta importante para gestores detectarem irregularidades ou degradações em fases iniciais e tomarem medidas para deter tais problemas.
Entretanto, avaliações em campo para esse acompanhamento são impossíveis de realizar em áreas grandes devido aos custos e demanda de mão de obra muito elevados. Com isso, o monitoramento por sensoriamento remoto usando imagens de satélite se mostra uma boa opção. Apesar de não ter tantos detalhes como avaliações em campo, podem trazer uma noção geral em avaliações mais frequentes a um baixo custo.
No primeiro artigo publicado pela equipe, em janeiro de 2025, foram utilizadas imagens da constelação de satélites PlanetScope de alta resolução (cada pixel representa 4,77 m). Com base em uma pequena amostra de áreas em que se tinha a certeza da ocorrência de cada tipo de cobertura da terra foram usadas ferramentas de aprendizado de máquina para se criar automaticamente um mapa da área inteira. Dessa forma foi possível distinguir a presença de florestas, savanas, campos, solo exposto e o samambaião, espécie frequentemente encontrada dominando áreas do Cerrado que sofreram degradações sendo um obstáculo à regeneração natural de espécies típicas da região. Foi também demonstrado a aplicação dessa técnica em imagens de satélite obtidas entre 2021 e 2024 para avaliar a transição de um tipo de cobertura em outro. Tal acompanhamento traz informações que podem servir para detectar, dependendo de qual tipo de transição, a ocorrência de regeneração de vegetações que sofreram algum impacto ou indicar a ocorrência de uma degradação e outras alterações indesejadas.
O mapeamento apresentado no artigo pode ser replicado em diferentes áreas do Cerrado utilizando imagens de satélite disponíveis gratuitamente durante a vigência do programa de disponibilização de imagens da Norway’s International Climate and Forest Initiative (NICFI) ou pela aquisição comercial das imagens com custos moderados. O grupo de pesquisa também está desenvolvendo métodos para utilização de imagens de maior resolução obtidas por drone visando identificar também outros grupos de espécie de interesse no manejo de unidades de conservação no Cerrado. Alguns dos alvos pretendidos são espécies de capim invasoras que representam ameaça a biodiversidade de plantas nativas e necessitam de ações dos gestores das áreas para conter seu avanço e combater a sua presença em regiões invadidas.
Para ler o texto completo do artigo, acesse o link: https://www.mdpi.com/2072-4292/17/3/480
Foto: Savana na Reserva Ecológica do IBGE.