História

A área que hoje compõe a Reserva Ecológica do IBGE foi doada ao IBGE pelo Governo do Distrito Federal em 1961 para a instalação da sede do Terceiro Distrito de Levantamentos Geodésicos e Topográficos do IBGE. A área, denominada Gleba Roncador, foi escolhida por apresentar as condições físicas necessárias aos treinamentos geodésicos e topográficos das equipes de campo. Desde a doação da área, o IBGE marcou imediatamente sua presença na área. Realizou o levantamento topográfico e o nivelamento do polígono e construiu a cerca ao longo do perímetro e os prédios provisórios de madeira.

Tempos de geodésia no Roncador

Ao assumir a responsabilidade patrimonial da Gleba Roncador, o IBGE tinha como objetivos: (a) formação de um campo de treinamento em práticas topográficas para seus técnicos sob a coordenação do 3º Distrito de Levantamentos Geodésicos; (b) destinação da área à pesquisa da flora sob a coordenação do Departamento de Geografia. Foi sempre pensamento dos pioneiros preservar os recursos naturais renováveis como uma relíquia natural, ao lado da Nova Capital, protegendo sua fauna e sua flora (SIMÕES, 1985).

Durante os primeiros 15 anos sob a governança do IBGE, a área foi utilizada preferencialmente como “Escola Roncador” com ensino em teoria básica de Geodésia (conceitos básicos, críticas às medições registradas em cadernetas, demonstração do uso de diversos equipamentos e cálculos) e como campo de treinamento das práticas geodésicas e topográficas (uso dos equipamentos Teodolito T3, Telurômetro, Geodímetro e Teodolito T4 para Astronomia de Campo – Latitude e Longitude Astronômicas). Em setembro de 1965 formou-se a primeira Turma da Escola Roncador, com alunos do 2º DLG. (ALONSO, 2010).

Essas atividades tiveram grande importância na formação dos profissionais de campo, que partiam do Roncador em campanhas para a implantação da Rede Geodésica Fundamental do Brasil, e para os trabalhos de identificação dos acidentes geográficos (reambulação) como apoio suplementar à cartografia do Brasil. Para o Roncador, a fixação de vários “Marcos Geodésicos” facilitaria trabalhos futuros de elaboração da Base Cartográfica da unidade. Em meados dos anos de 1970, o Roncador chegaria a registrar a presença de cerca de 220 servidores e 180 veículos (CORDEIRO, 1976).

Ainda em meados dos anos de 1960, vislumbrou-se a conveniência de implantar no Roncador o Centro Geodésico Brasileiro, nos moldes da Cartographic School of the Interamerican Geodetic Survey, localizada no Canal do Panamá (FERRARI, 1965). Projetado para o futuro, como laboratório de tecnologias, investigações científicas e formação profissional, esse projeto não encontrou o necessário apoio, e a ideia pioneira de implantar no Roncador um centro nacional de referência em informações geocientíficas teria de aguardar até a década seguinte, para renascer sob o enfoque emergente dos estudos ambientais (RIBEIRO, 2010).

Transformação da Gleba Roncador em área protegida

A criação da Reserva Ecológica do IBGE foi ato de pioneirismo e vanguarda. Motivado pela preocupação em fornecer subsídios científicos para o planejamento territorial da Região Centro-Oeste, em consonância com os princípios de sustentabilidade emanados da Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), o IBGE transformou, em dezembro de 1975, aquela unidade de pesquisas geodésicas e topográficas em Reserva Ecológica do Roncador (RECOR) reconhecendo assim formalmente a sua importância ecológica.

Em 1978, o extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF reconheceu a Reserva como área de preservação permanente de interesse científico. Nesse mesmo ano, para uma melhor identificação da unidade, a Reserva teve a sua denominação original alterada passando a chamar-se Reserva Ecológica do IBGE.

Esse momento é marcado também pelo início de inúmeros trabalhos científicos na área, pela criação da Brigada Contra Incêndios do IBGE, pela criação da Biblioteca Especializada, pela construção da área edificada que hoje reúne várias atividades de manejo e gestão da Reserva e também a Gerência de Recursos Naturais e a Gerência de Geodésia e Cartografia do IBGE.

Pereira & Mamede, informam:

"As primeiras pesquisas realizadas na Reserva Ecológica do IBGE versaram sobre ecologia de insetos, crescimento de árvores, florística, poluição sonora e poluição por metais pesados, estas duas últimas conduzidas por pesquisadores de outras instituições. Em 1979 e 1980 a base de apoio aos trabalhos foi ampliada com a implantação de uma estação meteorológica e de um viveiro para estudos sobre propagação de plantas, ambos em áreas até então intocadas. Nessa mesma época houve a contratação de mais pesquisadores e registrou-se iniciativas no sentido de incrementar a interação com outras instituições de pesquisas. Na metade da década de 1980, a Reserva já era uma das áreas do Distrito Federal onde mais se realizavam pesquisas de campo sobre Cerrado" (1985).

A partir dos anos 90 as pesquisas se intensificaram e a Reserva Ecológica do IBGE, nesses mais de 35 anos de existência, se consolidou como centro de referência de estudos sobre o Cerrado, acumulando uma importante experiência na produção do conhecimento científico e na conservação da biodiversidade do bioma. Tal marco é resultado do trabalho de servidores do IBGE e de parceiros externos de diversas instituições de pesquisa brasileiras e estrangeiras. 

Referências Bibliográficas

  • ALONSO, P.R. Do Marco comemorativo – Estação Poligonal DF1 ao IBGE-PPP. In: História da Geodésia no Brasil, 2010.
  • CORDEIRO, C.A. Reserva Ecológica do Roncador – IV Simpósio sobre o Cerrado: bases para utilização agropecuária. Brasília-DF, 1976
  • FERRARI, D. Sugestões para a reformulação da estrutura da Divisão de Geodésia e Topografia e para a criação do Centro Geodésico Brasileiro, Rio de Janeiro: IBGE, 1965. 27 p.1965
  • RIBEIRO, Mauro C.L.B. Geografia da esperança: a Reserva Ecológica do IBGE e a nova capital. 2010. In: IBGE. Veredas de Brasília: as expedições geográficas em busca de um sonho. Nelson de Castro Senra (organizador). IBGE, Centro de Documentação e Disseminação de Informações, 2010.
  • SIMÕES, Mariza Castello Branco. Contribuições para o conhecimento das origens da Reserva Ecológica do IBGE em Brasília. Brasília, DF, 1985. 9 f.