O Dia Nacional do Cerrado é celebrado em 11 de setembro e foi estabelecido para conscientizar a população sobre a importância do bioma e os riscos que ele sofre, como o desmatamento e as queimadas. A data é um momento para refletir sobre a necessidade de preservar a rica biodiversidade do Cerrado, considerado o berço das águas do Brasil por conter nascentes de importantes rios.  Trata-se de um dos biomas mais antigos do planeta, com sua formação iniciada há milhões de anos. 

Também conhecido como savana brasileira, o Cerrado ocupa 25% do território nacional, estando presente em 11 estados que se estendem do Nordeste à maior parte do Centro-Oeste, e com áreas de transição com praticamente todos os biomas, exceto os Pampas. Pelas características adquiridas no contato com mais quatro ecossistemas (Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga), é considerada a savana mais biodiversa do planeta, além de abastecer as principais bacias hidrográficas do Brasil, como o Rio São Francisco.  A expansão agrícola, a urbanização e as queimadas representam uma ameaça constante à integridade deste ecossistema vital. O Cerrado já perdeu uma parte significativa de sua vegetação nativa, o que é preocupante para o futuro1

Apesar de grande parte da sua vegetação ser composta por gramíneas, ervas, arbustos e árvores de médio porte, embaixo do solo é onde tudo acontece: com raízes que ultrapassam 10 metros de profundidade, representando até 75% da biomassa de arbustos e árvores, o Cerrado consegue estocar cerca de 13,7 bilhões de toneladas de Carbono.  É uma floresta invertida que ajuda a equilibrar o clima do planeta2.

Nele, encontram-se afluentes importantes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul e que abastecem com água potável quase metade da população brasileira e ainda alcançam a Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Isso porque sua vegetação contribui para a captação das águas das chuvas que abastecem o segundo maior reservatório subterrâneo de água no mundo, o Aquífero Guarani, que possui 1,2 milhão de km².

A Reserva Ecológica do IBGE é uma área de preservação, criada em 22 de dezembro de 1975 e completará 50 anos este ano. Tornou-se referência na produção de informações ambientais motivada pela preocupação em fornecer subsídios ao planejamento territorial sustentável para o bioma Cerrado.

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Fonte: Acervo Reserva Ecológica IBGE. 

Com 1.391,25 ha e localizada no centro-sul do Distrito Federal a 25 km do centro de Brasília, a Reserva compõe o mosaico de áreas protegidas do Distrito Federal fazendo parte da Zona de Vida Silvestre da APA Gama e Cabeça de Veado e da Zona Núcleo da Reserva da Biosfera do Cerrado. A área abriga grande heterogeneidade de ecossistemas e fornece proteção para as mais de 4.000 espécies já inventariadas, com destaque para 61 espécies ameaçadas de extinção (30 espécies de plantas, sendo 3 cultivadas e 31 espécies de animais) e cerca de 91 espécies endêmicas do bioma Cerrado1.

 

Brigada Voluntária da Reserva Ecológica do IBGE

Em 1978, por iniciativa de servidores da Reserva foi criada a primeira Brigada Voluntária de Incêndio Florestal em Brasília. Com as secas prolongadas fazendo parte da rotina anual, a necessidade de manejo ambiental, vigilância e proteção da área se faz necessária. Os Brigadistas atuaram em momentos cruciais, como os incêndios de 1994 (consumiu 60% da área), 2005 (50% da área foi queimada) e 2011 (90% da Reserva foi queimada). Os participantes da Brigada recebem treinamento inicial ministrado pelo Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal e participam de cursos de reciclagem promovidos por diversas instituições. Os impactos na fauna e flora são sentidos até hoje, com diminuição da biodiversidade.

A redução da Brigada Voluntária ao longo dos anos vem ocorrendo com as aposentadorias e morte dos seus componentes. Recentemente, dia 29 de julho, 2 servidores faleceram na tentativa de controle do fogo em frente a área da Reserva. Manoel José de Souza Neto e Valmir de Souza e Silva (foto abaixo), ambos com 65 anos, eram Técnicos em Planejamento, Gestão e Infraestrutura em Informações Geográficas e Estatísticas, servidores do IBGE desde a década de 80 e atuavam também como brigadistas na Reserva Ecológica do Instituto2.

Fonte: Acervo IBGE. Da esquerda para direita temos: Luciano, Manoel (em memória), Betânia, Valmir (em memória), Márcio Pochmann (Presidente do IBGE), Célio, Amâncio, Gercê e Bento.

 

Entre as medidas atualmente adotadas pelo IBGE para a preservação da área temos o aceiro de fogo que é realizado na vegetação próxima a Rodovia, para redução dos riscos de incêndio provocado pelo descarte inadequado de lixo e queimadas provocadas pelo ser humano. Em geral, o aceiro é realizado no período seco (junho a julho), antes do auge da seca. Outra medida adotada é o manejo ambiental realizado por empresa contratada. Este tipo de manejo visa manter as estradas abertas, reduzindo a biomassa e facilitando o trânsito de pessoas e veículos em caso de incêndios.

Novo recrutamento de voluntários para a Brigada Voluntária acontecerá em breve, com posterior treinamento. Além disso, a Reserva aguarda a contratação da Brigada Profissional especializada em Incêndios Florestais, em parceria com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis).

 

1https://revistahcsm.coc.fiocruz.br/11-de-setembro-dia-nacional-do-cerrado/.

2https://cerrado.org.br/.

https://recor.ibge.gov.br/a-reserva/sobre-a-reserva.html

4 Agência de Notícias IBGE: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/44074-ibge-homenageia-servidores-que-morreram-em-combate-a-incendio#:~:text=No%20dia%2029%20de%20julho,do%20Instituto%2C%20no%20Distrito%20Federal.