A servidora Marina de Lourdes Fonseca Resende, atual curadora do Herbário IBGE, situado na Reserva Ecológica IBGE (Brasília/DF), foi homenageada na descrição de uma nova espécie de planta, a Paepalanthus fonsecae (família Eriocaulaceae). “O epíteto ‘fonsecae’ é dedicado a Marina de Lourdes Fonseca, coletora do primeiro conjunto de exemplares desta nova espécie”, segundo os autores Trovó, Leite e Tajima et. al. (2024).
Marina Fonseca, curadora do Herbário IBGE, recebe homenagem em nome de nova espécie de planta. Foto: SES/DF
A coleta citada no artigo científico ocorreu em maio de 2018, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, município de Alto Paraíso de Goiás, durante uma expedição de campo da equipe do Herbário IBGE em conjunto com equipe do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Além do exemplar que foi incorporado ao Herbário IBGE, três outras amostras daquela planta foram enviadas a herbários do Rio de Janeiro (RB), Goiás (UFG) e São Paulo (SPF).
Em maio de 2022, uma viagem de campo para coletar mais indivíduos semelhantes aos exemplares não identificados e observá-los em seu habitat natural ao longo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros não teve sucesso. Entretanto, foi encontrado um conjunto bem estabelecido de indivíduos crescendo em direção ao norte, nas proximidades do parque, no município de Cavalcante (GO). Como puderam ser observadas diferenças morfológicas relevantes em relação a outras espécies do grupo, o material coletado anteriormente e a coleção recente de Cavalcante são descritos como uma espécie nova, publicada no periódico Nordic Journal of Botany.
A nova espécie é comparada com congêneres semelhantes, especialmente P. echinoides, da qual se distingue principalmente por ter um caule aéreo alongado coberto por folhas membranáceas e planas, e as inflorescências consistindo geralmente em menos escapos, mas mais longos, cada um subtendendo um capítulo mais largo com brácteas involucrais elípticas. Paepalanthus fonsecae é conhecido em duas coleções da região central do Brasil nos municípios de Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante e, segundo critério B da IUCN, deveria ser tratado como criticamente ameaçado (CR). Esse também é mais um exemplo da riqueza do Cerrado, que ainda apresenta inúmeras espécies desconhecidas pela ciência, muitas vezes de distribuição restrita e vulneráveis às grandes mudanças ambientais observadas nas últimas décadas.
Ao descrever uma nova espécie os autores sugerem o novo nome do epíteto (a segunda parte do nome da espécie), que pode ter várias inspirações, por exemplo a localidade da coleta – como em Caryocar brasiliense – uma característica marcante – como Annona coriacea – ou ainda uma pessoa de considerada relevância na própria descoberta ou no meio científico. A homenagem recebida pela servidora reforça a importância e excelência do trabalho a que ela se dedica no Herbário IBGE ao longo de mais de três décadas e que deixa agora mais um fruto, eternizado no rol de espécies da flora brasileira.
Paepalanthus fonsecae (Eriocaulaceae), Herbário IBGE. Crédito: Marina de Lourdes Fonseca Resende.