A Reserva Ecológica do IBGE recebeu um grupo de pesquisadores entre os dias 2 e 12 de outubro de 2024 para a coleta de amostras em campo relacionadas ao projeto “Térmitas do Cerrado brasileiro: determinantes da biodiversidade e biomassa”. O projeto é conduzido pelo Prof. Dr. Alexandre Vasconcellos, coordenador do Laboratório de Termitologia (@labtermesufpb; https://www.instagram.com/labtermesufpb/) e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas-Zoologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em conjunto com o doutorando Renan Rodrigues Ferreira e a estudante de graduação Amanda de Pádua Oliveira da Silva.

Pesquisadores Dr. Alexandre, Renan e Amanda na mostra zoológica – Reserva Ecológica IBGE. Crédito: Michella Reis

Segundo os pesquisadores, os cupins do Cerrado são relativamente bem conhecidos, porém ainda não há estabelecimentos de padrões (espaciais, ecológicos ou históricos) para a sua diversidade, nem amostragens quantitativas (densidade de indivíduos e biomassa) sobre as suas populações. Decorrente disso, a equipe de pesquisadores percorrerá, pelo menos, nove áreas de Cerrado, entre elas a Reserva Ecológica do IBGE, utilizando protocolos padronizados (área e tempo), buscando conhecer a diversidade de espécies e seus determinantes espaciais e ambientais. O mesmo protocolo já foi aplicado dezenas de vezes em outros domínios brasileiros, como Mata Atlântica, Amazônia e Caatinga, sendo possível comparar a biodiversidade do Cerrado na busca de espécies endêmicas ou com distribuição restrita. Além de investigar a biodiversidade, o projeto realizará as primeiras estimativas de biomassa e estoques de carbono e nitrogênio para os cupins do cerrado.

Dentre as dezenas de espécies encontradas na Reserva do IBGE foi registrada a espécie Syntermes wheeleri, de ocorrência predominante para o cerrado. São cupins grandes e que constroem ninhos em montículos epígeos (sobre o solo). Se alimentam de folhas e galhos secos e não são pragas, não oferecendo nenhum tipo de prejuízo ao ser humano. Devido ao forte sol durante o dia no Cerrado, esses cupins saem a noite para buscar alimento, evitando a perda de água e exposição ao calor. Os soldados dessa espécie são grandes e robustos, e apresentam mandíbulas grandes e forte para atuarem na defesa da colônia. Os operários são relativamente menores e atuam na manutenção da colônia, cuidando dos ovos e dos cupins mais jovens, construção do ninho e coleta de alimento.

Ninho de Syntermes wheeleri encontrada na Reserva do IBGE. A escala possui 30 cm. Crédito: Renan Rodrigues

Rainha de cupim da subfamília Apicotermitinae encontrada na Reserva Ecológica do IBGE. Crédito: Renan Rodrigues

Cupins da espécie Syntermes molestus forrageando a noite na Reserva Ecológica do IBGE. Crédito: Renan Rodrigues

Operários de cupins da subfamília Apicotermitinae. Crédito: Renan Rodrigues

Momento em que os reprodutores alados de cupim da subfamília Nasutitermitinae revoam para fundar novas colônias logo após chuva. Crédito: Renan Rodrigues

Cupins do gênero Ruptitermes forrageando a noite. Sua principal fonte de alimento são folhas e pequenos galhos secos. Crédito: Renan Rodrigues

A Reserva Ecológica do IBGE vem sendo estudada por diversos pesquisadores de todo Brasil, com ampla divulgação científica vinculada aos dados coletados na área. Segundo o depoimento do Prof. Alexandre é raro encontrar o Cerrado tão preservado, como ele e sua equipe tiveram a oportunidade de ver durante o tempo que passaram na Reserva.

 

Saiba mais sobre a Reserva:

A Reserva Ecológica do IBGE é uma área protegida de interesse científico sob a gestão do IBGE. Criada em 22 de dezembro de 1975, a Reserva tornou-se referência na produção de informações ambientais motivada pela preocupação em fornecer subsídios ao planejamento territorial sustentável para o bioma Cerrado. Desde 1998, integra o grupo das estações de pesquisas ecológicas de longa duração que compõem redes nacionais e continentais interligadas à rede ILTER (Internacional Long Term Research Network).

Com 1.391,25 ha e localizada no centro-sul do Distrito Federal a 25 km do centro de Brasília, a Reserva compõe o mosaico de áreas protegidas do Distrito Federal fazendo parte da Zona de Vida Silvestre da APA Gama e Cabeça de Veado e da Zona Núcleo da Reserva da Biosfera do Cerrado. A área abriga grande heterogeneidade de ecossistemas e fornece proteção para as mais de 4.000 espécies já inventariadas, com destaque para 61 espécies ameaçadas de extinção (30 espécies de plantas, sendo 3 cultivadas e 31 espécies de animais) e cerca de 91 espécies endêmicas do bioma Cerrado.