Na quinta-feira, dia 26 de setembro de 2024, o herbário IBGE, situado na Reserva Ecológica em Brasília, recebeu pesquisadores da Universidade de Brasília. Os doutorandos, Bianca Schindler e Maurício Figueira, ambos da pós-graduação em Botânica que estão sob orientação do pesquisador Marcelo F. Simon. Seus projetos visam realizar revisões taxonômicas, com potencial de descoberta de novas espécies e propor um melhor entendimento da diversidade desses grupos de plantas.
A pesquisadora Bianca estuda as plantas popularmente conhecidas como Canela-de-ema (gênero Vellozia) que ocorrem principalmente em campos rupestres no Cerrado. Esse grupo de plantas tem grande significado do ponto de vista da biodiversidade para a conservação, mas também do ponto de vista cultural para as pessoas que vivem no Cerrado, além disso, possui potencial para uso ornamental. Sua pesquisa se concentra na região Central do Brasil que tem carência de estudos com essas plantas. Desse modo, seu estudo será importante para compreender melhor a riqueza, conservação, distribuição e solucionar problemas de circunscrição dessas espécies. Seu estudo nesta região do país é inédito e ampliará os conhecimentos sobre a biodiversidade do Cerrado.
Foto: Canela-de-ema, símbolo da Reserva Ecológica do IBGE. Crédito: Michella Reis
Já Maurício pesquisa as Rhamnaceae (família dos Juazeiros), especialmente, o gênero Gouania. Seu estudo visa revisar as espécies em toda a América do Sul e compará-las geneticamente com outras encontradas em diferentes países. Esse gênero pode ser encontrado em países situados nas regiões tropicais. Entretanto, a ampla maioria das espécies encontram-se na Amazônia. Um dado interessante, é que algumas delas possuem características saponáceas e são utilizadas pelos povos indígenas para higiene pessoal, lavagem de utensílios, entre outros usos. Também há relatos de que algumas espécies são usadas para dores de estômago. Do ponto de vista ecológico, são plantas que produzem muitas flores que atraem uma variada gama de polinizadores (moscas, abelhas, etc), onde estes, por consequência, podem contribuir nas culturas agrícolas que demandam por polinização.
Foto: Gouania latifolia reissek coletadas e reclassificada pelos pesquisadores no Herbário/IBGE. Crédito: Michella Reis
Bianca nos explica que as coleções, como a do Herbário IBGE são importantes para os estudos. Além disso, comenta da importância do trabalho de campo que a equipe do IBGE realiza, amostrando locais onde há poucas coletas botânicas. Isso é muito relevante para o trabalho de todos os taxonomistas. As coleções de plantas catalogadas nos Herbários não servem apenas para os trabalhos taxonômicos, mas também são úteis para atividades de restauração de áreas degradadas, busca de plantas potenciais para abordagem bioquímica, entre outros”.
Para fechar, Maurício nos conta que o Brasil possui a maior biodiversidade de plantas e animais em todo mundo, e a cada ano mais de 200 novas espécies de plantas são descobertas e catalogadas. As pesquisas botânicas são básicas e servem para estudos posteriores, como a busca por fitoquímicos e a conservação de espécies ameaçadas, entre outros. Embora nossa Flora possua um grande potencial econômico e ecológico disponível para serem estudados no Brasil, gerando riquezas intelectuais e tecnológicas, o país investe ainda pouco em pesquisa de base.