Assim como nós, seres humanos, as plantas pertencem a uma família! Na classificação científica, considerando as suas características e relações de parentesco, as espécies são agrupadas em gêneros que, por sua vez, são agrupadas em Famílias. Uma família numerosa e diversa no mundo e no Brasil é a das leguminosas, mais recentemente denominada Fabaceae. Atualmente a família é dividida em seis subfamílias - Caesalpinioideae, Cercidoideae, Detarioideae, Dialioideae, Papilionoideae e Duparquetioideae, sendo que para essa última, o Brasil não conta com nenhum registro (Azani et. al, 2017).
As Fabaceae são plantas com flores que se desenvolvem, em sua maioria, para fruto tipo vagem, comumente chamado legume, característica que, por muitos anos, serviu como referência para dar outro nome à família: as leguminosas.
Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. Árvore em pastagem. Posse, povoado de Trombas (GO). Fonte: RECOR/IBGE.
Esse grande grupo inclui 795 gêneros e quase 20.000 espécies, estando entre as três maiores famílias de plantas. Apresenta também grande diversidade de formas de vida (algumas espécies são ervas, outros arbustos, trepadeiras ou árvores) e na morfologia de suas estruturas estando, por isso, entre as mais diversas em praticamente todos os grandes biomas globais, como florestas tropicais úmidas, florestas tropicais sazonalmente secas, savanas, campos tropicais e temperados, desertos e semidesertos (IPJBRJ, 2023).
Além de diversa, sua importância ecológica e econômica é inquestionável, a exemplo de:
- Espécies de leguminosas compõem a alimentação de bilhões de pessoas em todo o mundo, com destaque para o feijão, o amendoim, a soja, a ervilha, dentre outras;
- Muitas Fabaceae são utilizadas como plantas ornamentais, como sibipiruna, flamboyant, e como madeira para moveis, pisos, a exemplo do jatobá, sucupira, jacarandá, angelim, etc.;
- Em forte associação com as bactérias fixadoras, inúmeras espécies são as principais responsáveis pela entrada de nitrogênio nos ecossistemas terrestres, um elemento químico essencial para outras plantas e animais.
Na flora brasileira, as leguminosas pertencem a família com maior diversidade e número de espécies, estando entre as três famílias mais diversas em todos os domínios fitogeográficos. Podemos lembrar do pau-brasil, angelim, jatobá, barbatimão, dentre outros. Cerca de 50% das espécies são endêmicas do país, ou seja, só ocorrem naturalmente no Brasil.
Tabela 1: Distribuição das leguminosas (Fabaceae) segundo gênero, espécies, subespécies e variedades – Sinopse para o Brasil (2024)
Brasil | Cerrado | ||
Aceitos | Endêmicos | Aceitos | |
Gêneros | 253 | 18 | 143 |
Espécies | 3034 | 1589 | 1295 |
Subespécies | 58 | 18 | 21 |
Variedades | 638 | 335 | 343 |
Fonte: IPJBRJ, 2024.
No Herbário IBGE, a família Fabaceae é a segunda com maior número de exsicatas, com mais de 9 mil espécimes, ficando entre a família das gramíneas (Poaceae) e das antigas compostas, hoje denominadas Asteraceae. Na organização interna do acervo, nossas leguminosas estão divididas nas seguintes 5 subfamílias:
- Fabaceae-Caesalpinioideae (inclui antigas Fabaceae-Mimosoideae): 56 gêneros; 445 espécies; 15 subespécies; 104 variedades
- Fabaceae-Cercidoideae: 2 gêneros; 47 espécies; 2 subespécies; 7 variedades
- Fabaceae-Detarioideae: 09 gêneros: 32 espécies; 06 variedades
- Fabaceae-Dialioideae: 03 gêneros; 3 espécies; 1 variedade
- Fabaceae-Papilionoideae: 109 gêneros; 484 espécies; 6 subespécies; 35 variedades
Total Geral: 179 gêneros; 1011 espécies; 23 subespécies; 153 variedades
É importante ainda destacar que 82 exemplares do nosso acervo, estão citados na Flora e Funga do Brasil, no ano de 2024. Para finalizar, destacamos, em foto, alguns exemplares do Herbário IBGE (localizado na Reserva Ecológica do IBGE), a fim de ilustrar as informações apresentadas no texto e a beleza desse acervo científico, patrimônio de todos os brasileiros. Algumas fotos do nosso acervo, coletadas em campo, ilustram a riqueza dessa família botânica.
Referências:
- Azani, N.; Babineau, M.; Bailey, C.D.; et. al. A new subfamily classification of the Leguminosae based on a taxonomically comprehensive phylogeny: The Legume Phylogeny Working Group (LPWG). Taxon, v. 66, issue 1, February 2017: 44-77. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.12705/661.3. Acessado em: 09/08/2024.
- Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJBRJ). Flora e Funga do Brasil. Disponível em: https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB115. Acessado em: 2 de agosto de 2024.
Fotos:
Inga laurina (Sw.) Willd. - (exsicata*). Fonte: Herbário, RECOR/IBGE.
*Fragmento ou exemplar vegetal, dessecado e ger. prensado, acompanhado de uma ou mais etiquetas, com informações diversas sobre o espécime (nome da espécie, local e data de coleta, nome do coletor etc.), e conservado em herbário para estudo.
Erythrina mulungu Mart. (exsicata*). Fonte: Herbário, RECOR/IBGE.