O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou no dia 25 de março, uma nova página na internet com acesso às suas coleções biológicas. O site apresenta os três acervos biológicos do instituto: Herbário RADAMBRASIL, localizado no Jardim Botânico de Salvador (BA), e Herbário IBGE e Coleção Zoológica, localizadas na Reserva Ecológica do instituto em Brasília (DF). Por meio da página é possível conhecer um pouco da história e evolução das coleções, além de acessar informações detalhadas sobre os exemplares, incluindo fotografias em alta resolução. A nova página do IBGE é destinada a estudantes, pesquisadores, educadores e ao público em geral interessado no conhecimento e conservação da biodiversidade.

Fundado em 1977, o Herbário IBGE em Brasília, que fica dentro da Reserva Ecológica da instituição (Recor), abriga uma coleção significativa de plantas do cerrado e exemplares de outras regiões. Além disso, a Recor possui uma vasta coleção zoológica que abrange aves, mamíferos, peixes e insetos e agora está empenhada na informatização e no compartilhamento online da sua rica coleção de insetos, promovendo a educação ambiental e a pesquisa científica. A informatização desses dados é um passo importante para garantir que a riqueza da fauna do cerrado brasileiro esteja ao alcance de todos.

Segundo o analista de Biodiversidade do IBGE, Leonardo Bergamini, cada exemplar da coleção está sendo meticulosamente catalogado, recebendo um número de tombo e uma etiqueta com QR Code para identificação individual. Esse número de tombo contém informações cruciais, como o local de coleta, a data e a espécie do exemplar. O pesquisador falou sobre o tamanho da coleção e objetivo do trabalho. “A coleção de insetos é particularmente impressionante, com mais de 70 mil exemplares. Embora ainda não esteja completamente informatizada, o processo começou no início de março e já foram catalogadas 300 abelhas. Essa iniciativa visa não apenas preservar o conhecimento sobre a biodiversidade local, mas também permitir que pesquisadores, estudantes e entusiastas explorem esses registros valiosos”.

Leonardo Bergamini - analista de Biodiversidade do IBGE. Foto: Lucas Cunha/SDI-DF

De acordo com o pesquisador, a partir dessas informações será possível saber quais são as espécies que existem na região, qual a distribuição de cada uma e em que local ela pode ser encontrada. “Como temos a data da coleta, também conseguimos perceber até qual determinado período de tempo aquela espécie foi registrada na região e quando ela desapareceu. Também podemos perceber se houve uma invasão biológica, ou seja, a partir de qual período de tempo determinada espécie começou a aparecer na nossa região. São informações que servem para entender como está e quais são as tendências da biodiversidade ao longo do tempo”, afirmou.

 

Segundo Bergamini, o trabalho tem diversas aplicações para a sociedade, sendo muito importante do ponto de vista de conservação, ecológico e aplicável. Ele explica que muitas dessas espécies de insetos são pragas agrícolas, então é fundamental saber onde elas ocorrem. “As abelhas que estudamos aqui na Reserva Ecológica prestam um serviço de polinização na agricultura, muitas espécies de plantas não produzem se não forem ‘visitadas’ por abelhas. Para conseguirmos quantificar esse serviço, a gente tem que saber onde as abelhas ocorrem, quais espécies têm em cada região e quais plantas elas visitam”.

 

Espécies de abelhas coletadas na Reserva Ecológica em Brasília. Foto: Lucas Cunha/SDI-DF

Com uma extensão de 1400 hectares, a Reserva Ecológica do IBGE é um local onde coletas frequentes resultam no registro de novas espécies de abelhas que ainda não haviam sido observadas na região. Essa atividade contribui significativamente para o conhecimento da biodiversidade local e para o entendimento das interações entre as abelhas e o ecossistema “A Reserva é um local estudado intensamente desde os anos 70 e até hoje fazemos uma coleta e aparecem coisas novas. Então ainda tem muita coisa para ser estudada e precisamos investir nisso. A diversidade de espécies favorece a estabilidade do equilíbrio ecológico. A diversidade de plantas nativas depende dessas associações para ser mantida. Por incrível que pareça, estamos em 2024 e o Cerrado ainda é um bioma pouco estudado”, explicou Bergamini

Espécie de abelha vista através do microscópio. Foto: Lucas Cunha/SDI-DF

A Reserva possui importante e representativa base de dados e de informação científica sobre o Cerrado, proveniente de estudos ecológicos através de amostragem ou experimentação, inventários padronizados da fauna e da flora, e estudos ambientais integrados sob perspectivas de vulnerabilidade e risco ecológico. Essa produção de conhecimento foi resultado do trabalho de servidores do IBGE e de instituições parceiras, nacionais e estrangeiras. “A partir desses exemplares de coleção é possível coletar amostras de DNA, então é possível fazer vários outros estudos. É uma grande biblioteca ambiental de referência e uma infraestrutura básica de pesquisa que serve de base para inúmeros outros trabalhos”, finalizou o pesquisador.

 

Saiba mais: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39545-ibge-lanca-site-dedicado-as-suas-colecoes-biologicas