Minuto IBGE divulgado nesta semana celebrou o Dia do Cerrado e contou com a participação de servidora da Reserva

“A gente cuida melhor daquilo que conhece”. A frase da analista de geoprocessamento do IBGE Mariza Macedo resume bem qual é uma das principais contribuições da Reserva Ecológica do IBGE para a preservação do Cerrado: a produção e a disseminação de conhecimento.

Em 11 de setembro, celebra-se o Dia Nacional do Cerrado. A data tem o objetivo de estimular o debate sobre o bioma, que ocupa 23% do território brasileiro, segundo o relatório Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil 2019.

Esse é o tema do programa de rádio Minuto IBGE divulgado nesta semana, que contou com uma entrevista da servidora Mariza Macedo. A proteção da fauna e da flora, as parcerias com universidades e instituições para realização de pesquisas e a proximidade em relação à capital federal também foram destacadas como pontos que conferem relevância à Reserva por outros servidores da Reserva. Clique na imagem para ouvir a entrevista. 

Confira todos os depoimentos abaixo.

 

Frederico Takahashi, analista de biodiversidade

A Reserva Ecológica do IBGE contribui para a conservação do Cerrado de duas formas. A primeira é pela proteção que confere às diversas espécies de animais e de plantas que vivem na área. Mas talvez mais importante do que isso é o conhecimento produzido sobre o funcionamento de todo o Cerrado.

Por meio de experimentos controlados, realizados em pequenas áreas, é possível observar o efeito de ações humanas comuns no Cerrado. Por exemplo, os efeitos de repetidas queimadas são avaliados ao comparar com áreas intactas da Reserva. Da mesma forma são estudados também efeitos a longo prazo da adubação e de mudanças climáticas na biodiversidade e no funcionamento dos ecossistemas.

Isso é possível devido aos esforços da equipe do IBGE e de parceiros de mais de 100 universidades e institutos de pesquisa brasileiros e estrangeiros, que desenvolveram pesquisas na Reserva, tornando a área uma das mais bem estudadas do Bioma.

 

Betânia Góes, servidora do Herbário IBGE

Embora pequena, 1.400 hectares, a Reserva é acessível, próxima à capital federal, 26 quilômetros do centro de Brasília, e contém as principais fisionomias do bioma, fauna rica e uma flora igualmente diversa. O IBGE faz o manejo e proteção desse patrimônio ambiental e da infraestrutura para pesquisa científica, tanto com recursos próprios, quanto por meio de parcerias, o que vem gerando acúmulo e acervo de dados ambientais e ecológicos importantes e uma disseminação eficiente de todas essas informações.

 

Mariza Macedo, analista de geoprocessamento

A gente sempre ouve falar do Cerrado como um bioma rico e muito ameaçado. Assim, além da importância ambiental que a gente sempre ouve falar, ele tem uma importância social muito grande, por causa dos recursos naturais, que ajudam muitas famílias a sobreviver. A gente está falando do agricultor à quebradeira de coco.

E a gente cuida melhor daquilo que conhece. Acho que é daí que vem a principal contribuição da Reserva, porque nesses mais de 45 anos, ela tem ajudado muito no conhecimento da biodiversidade do Cerrado, de quais são as principais ameaças a essa diversidade, quais estratégias mais adequadas para conservação e sempre fez isso com muita responsabilidade, com embasamento científico. E sempre contando com uma rede de parceiros muito fiel e que tem ajudado ao longo desse tempo todo a proteger não só o mosaico de áreas protegidas que a própria Recor faz parte, mas o bioma Cerrado como um todo.

Eu espero que a gente continue contribuindo por muitos anos para preencher as lacunas no conhecimento, que ainda existem, e a superar os desafios, que são muitos ainda, para continuar elaborando estratégias e aumentar os esforços de conservação dessa biodiversidade que é tão rica e tão importante.

 

Leonardo Bergamini, gerente de recursos naturais e estudos ambientais

Na Reserva, você encontra os diferentes tipos de vegetação do Cerrado, temos ambientes aquáticos, veredas, córregos e isso torna essa área muito rica. Uma compilação de 2011 listou mais de 4 mil espécies, entre plantas, animais, fungos... E muitas delas são espécies raras, difíceis de encontrar em outros locais. O exemplo disso é o Pirá-Brasília, que é um peixe que só existe aqui no Distrito Federal. E uma das poucas populações dessa espécie pode ser encontrada aqui na Reserva.

Além disso, a Reserva também faz parte de um mosaico de unidade de conservação do DF, junto com o Jardim Botânico de Brasília e a Fazenda Água Limpa da UnB. Elas compõem uma área de mais de 10 mil hectares, umas das três últimas grandes áreas preservadas aqui no Distrito Federal, além do Parque Nacional de Brasília e da Estação Ecológica de Águas Emendadas.

Ela também contribui na produção de informações. A missão do IBGE é retratar o Brasil, e a Reserva tem colaborado ao longo de mais de 40 anos com esse retrato, produzindo informações ambientais sobre o Cerrado. A Reserva tem sido um laboratório vivo, onde têm sido feitos experimentos e diversos estudos para entender como o Cerrado funciona e como melhor utilizar os seus recursos.

A Reserva também tem servido como uma grande escola ao ar livre. Aqui se formaram centenas de alunos de várias áreas do conhecimento. E esse conjunto de pessoas formadas aqui geram mais conhecimento por aí e ensinam outras pessoas. Esse é um papel muito importante.

 

Luciano Guimarães, servidor do Herbário IBGE

A Reserva Ecológica do IBGE é uma área com objetivo específico de conservação e pesquisa. Ela contempla variadas formas do Cerrado, uma grande quantidade de animais silvestres e ainda córregos e nascentes. Além disso, a Reserva abriga coleções científicas de plantas e de animais, que funcionam como bibliotecas de fauna e flora, com mais de 40 anos de história acumulada. São, assim, uma riquíssima fonte de informação, sempre em atualização.

Sua localização relativamente próxima à capital federal facilita muito o acesso contínuo de pesquisadores e propicia trabalho de médio e longo-prazo. Os trabalhos desenvolvidos lá, por projetos do IBGE ou de outras instituições, integram uma grande base de dados necessários para subsidiar políticas públicas de proteção ao meio ambiente. Várias pesquisas utilizam, por exemplo, dados da coleção de plantas para comparar o comportamento do Cerrado diante de pressões humanas, o que é base para estratégias eficientes de preservação desse bioma.