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A equipe da Gerência de Meio Ambiente e Geografia (GMAG/SES/DF) realizou um levantamento florístico em Caiapônia/GO no período de 31 de julho a 05 de agosto de 2023. O material botânico coletado será incorporado ao Herbário IBGE, localizado na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília/DF.
Equipe realizando coleta botânica. Foto: Acervo IBGE
Os herbários constituem locais onde são mantidas amostras de plantas desidratadas colhidas na natureza. Uma verdadeira coleção botânica destinada à pesquisa científica sobre sua origem, classificação e diversidade. São coletadas, em geral, plantas que apresentam flores ou frutos, no momento da coleta, caracteres importantes para a identificação das espécies.
Os acervos dos herbários documentam uma vasta gama de dados valiosos, como características morfológicas, químicas e genéticas dos indivíduos preservados, além de observações obtidas durante o evento de coleta, como a localização, data, descrição do ambiente, associações entre espécies etc. Assim, são um repositório permanente e acessível de exemplares botânicos corretamente identificados e com descrição de área de ocorrência, servindo de testemunho da distribuição das plantas em diferentes áreas do Brasil.
Espécime sendo coletada pela equipe do IBGE. Foto: Acervo IBGE
O Herbário IBGE, em particular, tem como finalidade ser depositário de amostras da biodiversidade vegetal da região do Cerrado. Atualmente, são mais de 85 mil amostras de plantas, devidamente preparadas para serem mantidas por longos períodos de tempo (denominadas exsicatas) e 3.549 amostras diversas (que incluem frutos, madeiras, dentre outros).
As viagens de coleta são importantes momentos de estudo de novas áreas e descoberta de novas espécies não catalogadas, contribuindo para a ampliação do acervo dos herbários e do conhecimento sobre a diversidade vegetal. A equipe do Herbário IBGE tem buscado identificar e concentrar esforços de coleta em áreas com pouca ou nenhuma amostragem anterior. Dessa forma, a região de Caiapônia foi selecionada. Foram quatro dias de coleta, abrangendo diferentes fitofisionomias do Cerrado (cerrado rupestre, cerrado denso, cerradão, mata seca, matas de galeria etc.). Foram coletadas mais de 300 amostras de plantas, que serão devidamente identificadas e preparadas para incorporação ao acervo do Herbário. Do material coletado são retiradas duplicatas para intercâmbio científico como doações e permuta com outros herbários. A equipe do Herbário IBGE deverá retornar a Caiapônia na estação chuvosa, de forma a complementar esta coleta realizada na estação seca, visando obter plantas que florescem e/ou frutificam nas duas estações.
Para conhecer mais:
https://recor.ibge.gov.br/pesquisa-cientifica/herbario-ibge.html
https://www.rbg.ibge.gov.br/index.php/rbg/article/view/2212
A Reserva Ecológica do IBGE é uma área protegida de interesse científico sob gestão do IBGE, que abriga uma grande diversidade de ecossistemas e oferece proteção para mais de quatro mil espécies registradas, entre animais, plantas e fungos. Entre elas destacam-se 57 ameaçadas e quase ameaçadas de extinção e cerca de 91 espécies endêmicas do bioma Cerrado, como a Lobelia brasiliensis, uma planta da família das campanuláceas, endêmica do Distrito Federal e entorno. Esse subarbusto, que apresenta pendões de flores roxas e pode chegar a medir até 4 metros de altura, é encontrado em áreas com solo hidromórfico, como brejos, campos e locais úmidos, assim como em mata seca, mata de galeria e buritizais. No entanto, é uma espécie rara e há poucas informações disponíveis sobre ela. Embora seja apreciada por seu potencial ornamental, os estudos científicos escassos indicam que ela requer condições específicas de água e incidência de luz para germinar, o que dificulta sua reprodução em ambientes fora do seu habitat natural.
Alguns servidores da Reserva Ecológica do IBGE relataram atropelamento de animais silvestres próximo à Reserva. Na manhã do último dia 28 de março de 2023, um lobo-guará de grande porte foi atropelado e morto na BR-251/DF-001, em trecho que circunda a Área de Proteção Ambiental (APA) das Bacias do Gama e Cabeça de Veado, na altura da Reserva Ecológica do IBGE. No dia 31 de março, a vítima foi uma capivara, atropelada próximo à portaria da Reserva.
Lobo-guará atropelado. Foto: Marcílio Soares de Souza
Capivara atropelada. Foto: Luciano de Lima Guimarães
Após recapeamento do asfalto e melhorias nesse trecho da BR-251/DF-001, muitos carros transitam em alta velocidade, desrespeitando a sinalização de trânsito. Dessa forma, os serviços na rodovia melhoraram o fluxo de veículos com redução de danos causados pelos buracos, no entanto, acabaram trazendo riscos adicionais à passagem de animais silvestres pela rodovia.
Nesse sentido, fica nítida a urgência de medidas para minimizar esse problema. Dentre as opções, estão a instalação de redutores de velocidade (físicos ou de fiscalização eletrônica), passagens de fauna, sinalização educativa, fiscalização de limites de velocidade e do respeito às normas de trânsito. Entretanto é fundamental que nesse processo sejam levados em conta informações de grupos de pesquisa que trabalham com o tema de atropelamentos da fauna para garantir a maior efetividade das medidas.
Não é segredo que a Reserva Ecológica do IBGE apoia trabalhos científicos voltados à conservação do meio ambiente e ao conhecimento da biodiversidade, especialmente do Cerrado.
A partir de novembro de 2021, a RECOR voltou a receber pesquisadores e estudantes no desenvolvimento de seus projetos científicos.
Até junho de 2022, já foram dezenas de visitantes registrados na área, desde estudantes de graduação acompanhados de professores, a pesquisadores com extensos projetos de pesquisa.
Muitos ainda visitam nossas coleções científicas com o intuito de desenvolver seus trabalhos e acabam contribuindo com o enriquecimento do acervo, tanto em quantidade, como em qualidade.
O Herbário IBGE é uma das referências no DF quando se fala em plantas do Cerrado. E não é à toa que boa parte dos nossos visitantes têm a botânica como foco de seus estudos.
Segundo a curadoria da coleção, as visitas frequentes de pesquisadores, aliadas ao banco de dados disponível na internet, são os maiores responsáveis pelas determinações e revisões de nomes científicos dos espécimes do acervo. Esse contínuo crescimento qualitativo é essencial para manter o acervo atualizado e dar credibilidade ao trabalho desenvolvido pela própria curadoria. Somente nos últimos 8 meses, foram registradas no banco de dados do Herbário IBGE cerca de 2200 alterações e atualizações de nomes científicos nas exsicatas.
Um bom exemplo dessa contribuição conjunta foram as visitas do professor Bruno Francisco Sant`Anna dos Santos e do estudante de mestrado Luiz Lima Carvalho, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, entre os dias 26 e 29 de junho de 2022. O objetivo da viagem foi acompanhar o período de floração de parte das espécies da família Arecaceae que ocorrem dentro da área da Reserva. Além do trabalho de campo, a visita ao Herbário foi importante para revisar e atualizar os exemplares da coleção quanto às determinações científicas.
Coleta realizada pelos pesquisadores na área da RECOR e depositada no herbário IBGE |
Exemplo de atualização de nome científico realizada durante a visita à coleção – As pequenas etiquetas brancas afixadas entre o rótulo principal do exemplar e o carimbo do IBGE registram as atualizações realizadas ao longo do tempo. |
Os dados coletados por Luiz farão parte de sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Botânica da UFPR.
Em conversa com a equipe da curadoria, o estudante destacou a excelência da coleção de Arecaceae do Herbário, o que possibilitou a coleta de informações relevantes. O Prof. Bruno, já em sua segunda visita ao IBGE, ressaltou ainda a disposição dos colegas do IBGE em recepcionar os pesquisadores com muita dedicação e simpatia e agradeceu a todos os colegas do IBGE pela excelente acolhida. Luiz ainda disse ter ficado positivamente surpreso, desde a sua primeira visita à Reserva do IBGE, pela excelente estrutura disponível aos pesquisadores, como um alojamento, restaurante e o transporte até a Rodoviária.
A solicitação de acesso à RECOR para desenvolvimento de projeto de curta ou longa duração segue procedimentos bastante simplificados, disponível aqui no site.
Agendar uma visita ao herbário é ainda mais simples, basta contato com a curadoria por e-mail ou telefone, acesse aqui a página do herbário para mais detalhes.
Em artigo científico publicado na revista Nauplius em março deste ano, servidor da Reserva Ecológica do IBGE Mauro César Lambert Brito Ribeiro, em coautoria com outros três pesquisadores, escreve sobre aspectos até então desconhecidos da única espécie de camarão endêmica do Distrito Federal, o Macrobrachium candango. O artigo baseia-se nas coletas realizadas pela equipe da Reserva em todas as unidades hidrográficas do Distrito Federal e Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF).
Segundo a pesquisa, características biológicas como a baixa fecundidade, o padrão de distribuição e o grau de ameaças em sua área de distribuição apontam para a necessidade de proteção e monitoramento da espécie. O Macrobrachium candango tem distribuição restrita aos afluentes do Lago Paranoá, com baixa abundância em locais submetidos à algum grau de intervenção do ser humano na natureza, e maior abundância em áreas protegidas, como nos córregos Taquara e Roncador.
"O camarão analisado é mais uma espécie bastante vulnerável sob a proteção da Reserva Ecológica do IBGE e sob o monitoramento a cada cinco anos por sua equipe técnica de ecologia aquática”, explica Ribeiro. Foram 520 pontos de coleta entre os anos de 1983 e 2012. Todos os exemplares utilizados no estudo estão depositados na Coleção de Crustáceos Aquáticos IBGE, a maior sobre a espécie.
Confira o artigo completo: Filling gaps in the biology of the endemic and threatened freshwater shrimp Macrobrachium candango (Caridea: Palaemonidae) through basic morphometric and reproductive approaches.
A partir do mês de maio, começa a estiagem em Brasília e o clima seco serve como aviso: é chegada a hora de iniciar os aceiros na região. Manual, com máquina ou com uso controlado de fogo, a prática é uma das principais formas de prevenir incêndios florestais e é realizada todos os anos na Reserva Ecológica do IBGE e em seus arredores. A queimada controlada (aceiro negro) foi efetuada nos dias 12, 13 e 14 deste mês.
A operação foi comandada pelo gerente de preservação do Jardim Botânico, Diego Miranda, e contou com a participação de servidores e brigadistas do IBRAM, FAL/UnB, Reserva Ecológica do IBGE, CIAB/Marinha, ALA1/Aeronáutica, Prevfogo/IBAMA, DER, CBMDF, todos parceiros do grupo do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais no Distrito Federal – PPCIF/DF, coordenado pela SEMA. Foram realizados 30 quilômetros de aceiro negro, do portão dois do Jardim Botânico até a Marinha, finalizando no Parque Ecológico do Tororó.
Além da participação de servidores como o brigadista voluntário Bento da Silva Barros, que atua desde 1986 na atividade, o IBGE também contou com o trabalho de seis brigadistas florestais contratados para monitorar a área da Reserva Ecológica no período de seca, entre julho e dezembro. Bento explica que os aceiros com máquina, realizados em toda área de divisa da Reserva, começaram em junho. O aceiro negro foi realizado posteriormente.
Além de todos os cuidados necessários para realização das queimadas controladas, o Instituto também oferece um caminhão-pipa para dar mais segurança à operação. “Na execução dos aceiros negros, o IBGE disponibiliza um caminhão-pipa com tanque d’água de 5 mil litros. O caminhão-pipa é uma ferramenta do IBGE que está disponível o ano inteiro. Além de servir para combate a incêndios florestais, a gente utiliza diariamente, conforme a necessidade”, conta.
Cerrado tem proteção natural contra o fogo, mas é preciso preservar
O desenvolvimento do bioma Cerrado caminhou junto com a ocorrência do fogo na região. Isso é visível nas características da vegetação que predomina na área: árvores com cascas grossas para proteger contra o fogo e grandes reservas de nutrientes nas raízes para favorecer a rebrota nos casos em que as chamas são muito intensas. Mesmo as plantas rasteiras também mostram estratégias como produção de sementes resistentes ao fogo ou estruturas subterrâneas protegidas prontas para rebrota depois dos incêndios.
Diante dessa coexistência do Cerrado com o fogo, por que então prevenir os incêndios na região? “Essa necessidade surge com as mudanças que os humanos trouxeram nessa relação. Incêndios naturais provavelmente ocorriam com baixa frequência, iniciados por raios que vinham com as primeiras chuvas do fim da seca. Atualmente, os incêndios de áreas de cerrado desprotegidas são muito mais frequentes e são causados por atividades criminosas ou pelo descontrole do fogo usado para queima de lixo ou “limpeza” de terrenos vizinhos de áreas naturais. Tais incêndios muitas vezes saem do controle quando ocorrem no meio da estiagem. Nesses cenários, até mesmo porções de vegetação que naturalmente não queimariam, como as matas de galeria, podem ser atingidas pelas chamas e sofrerem impactos aos quais não tem estratégias naturais de defesa”, explica o analista de biodiversidade do Centro de Estudos Ambientais do Cerrado do IBGE (GEC) Frederico Takahashi.
Ainda segundo o servidor, Unidades de Conservação como a Reserva Ecológica do IBGE precisam de cuidado redobrado contra incêndios acidentais ou criminosos. Isso porque na área são conduzidos diversos estudos científicos avaliando múltiplos aspectos da ecologia do Cerrado, alguns realizados continuamente por décadas. Dessa forma, um incêndio pode não só trazer um impacto para a biodiversidade da área, que demoraria anos para se recuperar, mas também impediria a conclusão de diversos estudos que visam entender melhor as características e o funcionamento do Cerrado. Apesar do fogo poder ser usado no manejo de área protegidas, de modo a simular os incêndios naturais, esses precisam ser conduzidos de forma controlada e baseada em estudos para definir onde e quando deve ser utilizado. E para o emprego do fogo como ferramenta de conservação, é vital uma equipe de brigadistas capacitada para conduzir as queimadas de forma a atingir somente as áreas pré-definidas.
Com a chegada da estação seca, vem o aumento do risco de incêndios em áreas de Cerrado devido à redução acentuada da umidade do ar e a interrupção das chuvas na região. Nesse período, há também o acúmulo de material vegetal seco nas áreas naturais por causa da queda das folhas de boa parte das árvores além do ressecamento de folhas e caules de herbáceas, como os capins. Esse material vegetal seco acumulado naturalmente sobre o solo das áreas de Cerrado aumenta o risco de propagação e intensificação de incêndios provenientes de ações criminosas deliberadas ou de manejos incorretos nas área vizinhas, como a “limpeza” de terrenos com fogo ou a queima de lixo.
Nesse sentido, a Reserva Ecológica do IBGE retomou no dia 08 de julho as atividades da equipe da brigada contra incêndios florestais. Desde 2020, a Reserva passou a contar com o apoio de uma brigada contra incêndios florestais profissional por meio de contrato de prestação de serviços continuados com empresa privada. Dessa forma, a unidade passou a ter a disposição, durante 6 meses do ano, duas equipes formadas por um chefe de esquadrão e dois brigadistas (cada equipe trabalhando em regime de 12/36 horas). Esses colaboradores, aprovados em Curso de Formação de Brigadas de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais ministrado pelo Prevfogo/Ibama ou ICMBio, são responsáveis pela vigilância contra incêndios florestais, combate a focos de incêndios e notificação ao corpo de bombeiros em casos de incêndios de maiores proporções. Adicionalmente, esses profissionais executam ações de prevenção de incêndios na área, como a manutenção de aceiros e roçagem de áreas com risco de propagação de chamas, e fornecem apoio às atividades científicas e de conservação na Reserva. Todas as atividades dos brigadistas profissionais (terceirizados) são coordenadas por servidores brigadistas da Reserva Ecológica do IBGE de modo que a experiência com o histórico de incêndios na área e com a operação da infraestrutura seja aproveitada pelos novos brigadistas.
Para conhecer mais da história da brigada contra incêndios da Reserva Ecológica do IBGE, visite a seção do nosso site: Infraestrutura e apoio → Brigada contra incêndios.
A equipe da Reserva Ecológica do IBGE disponibilizou o mapa atualizado da unidade para facilitar o deslocamento de pesquisadores e professores com atividades autorizadas na área. O novo mapa conta com indicação das estradas, trilhas consolidadas e elementos de referência para facilitar a orientação em campo, como a presença de torres e marcos geodésicos. Essas informações são exibidas sobre fotografias aéreas (ortofotos) de alta resolução que ajudam o usuário a identificar feições da vegetação.
Uma novidade introduzida nessa versão do mapa de localização na Reserva é a possibilidade de abrir o arquivo PDF do mapa em aplicativos gratuitos para smartphone como o Avenza Maps. Nesses aplicativos, a posição atual do usuário é exibida sobre o mapa por meio do recurso de GPS do smartphone. Dessa forma é possível navegar com segurança na área sem depender de conexão de dados (aplicativo funciona de modo offline) dispondo de um conjunto de informações mais completo do que as apresentadas em aplicativos como o Google Maps. Vale notar que essas informações são previamente verificadas pela equipe da Reserva e periodicamente atualizadas para refletir mudanças na área como a abertura ou fechamento de trilhas ou a interdição de estradas para veículos.
Adicionalmente, são indicadas áreas com experimentos científicos sensíveis em andamento. Em tais áreas, é proibida a entrada sem autorização prévia uma vez que o simples trânsito de pessoas pode prejudicar os dados coletados devido, por exemplo, ao pisoteamento da vegetação ou ao afugentar animais de populações monitoradas. Dessa forma, é importante que os pesquisadores que forem percorrer a Reserva em busca de espécies de interesse ou ambientes propícios para o início de estudos ou os professores que forem realizar aulas de campo busquem no site da Reserva a versão mais atual do mapa para evitar interferências em pesquisas em andamento.
O programa oferece também recursos adicionais importantes para pesquisas de campo que podem ser usados em conjunto com o novo mapa da Reserva. Merecem destaque a exibição na tela das coordenadas do local que a pessoa está, marcação de pontos no mapa que podem ser enviados para um computador (formato kml, gpx ou csv) incluindo anotações de campo e fotos, navegação até pontos selecionados, registro de trajetos realizados e medição de distâncias.
Para baixar a versão mais nova do mapa da Reserva Ecológica do IBGE acesse a página da Reserva na seção Pesquisa Científica ou clique diretamente aqui.
Para utilizar o programa gratuito Avenza Maps basta baixá-lo na “loja” de aplicativos do seu smartphone Android ou iOS.
Para usar o mapa da Reserva no Avenza Maps faça os seguintes passos:
- baixe o mapa no smartphone da forma tradicional (clicando no link na página da Reserva ou aqui)
- abra o aplicativo Avenza e selecione a opção “Meus mapas”
- clique no símbolo +
- selecione a opção “Baixar ou importar mapa”
- selecione “de locais de armazenamento”
- selecione o diretório (ex. Downloads) e o arquivo → Mapa Reserva Ecológica do IBGE (arquivo georreferenciado).pdf
Apesar de todo o conhecimento acumulado em pesquisas biológicas, a natureza ainda guarda inúmeros fatos desconhecidos pela humanidade. E, ao contrário do que muitos pensam, não são só nas expedições a áreas remotas da Amazônia ou nas profundidades do oceano que são descobertas espécies de animais desconhecidas pela ciência. Na Reserva Ecológica do IBGE, a menos de 30 km do centro da capital federal, foi identificada uma nova espécie de peixe. Com autorias de Marcelo R.S. de Melo (USP), Mauro C.L.B. Ribeiro (IBGE) e Fávio C.T. de Lima (Unicamp), a descoberta foi relatada em artigo na revista científica Neotropical Ichthyology no dia 29 de janeiro de 2021.
A nova espécie, batizada como Characidium onca, é um peixe de cerca de quatro centímetros de comprimento, de coloração amarela-dourada e pintas pretas. Tais características inspiraram os pesquisadores descritores da espécie na escolha do nome, uma referência à pelagem das onças, que tem como nome científico Panthera onca.
Estudos como esse, que culminam com a descrição de uma nova espécie de organismo, se iniciam com a coleta de indivíduos na natureza que são sacrificados e passam por tratamentos para conservar indefinidamente suas principais características anatômicas. São realizadas diversas avaliações da anatomia externa, medição de tamanho de estruturas e confecção de cortes anatômicos para descrever as características desses organismos e conhecer quanto variáveis elas são em indivíduos da mesma população. Tais dados são comparados com os obtidos em estudos realizados em todo o mundo e, quando necessário, são feitas novas observações.
Corte anatômico do crânio de Characidium onca, indicando algumas das características avaliadas.
Com todos esses dados em mãos, os pesquisadores podem descobrir a qual grupo de espécies com parentesco evolutivo o organismo pertence ao detectar características típicas de todas as espécies do grupo. Então é possível avaliar a lista de características que são exclusivas de cada espécie próxima. Caso seja constado que os indivíduos analisados têm conjuntos de características diferentes das espécies conhecidas pode-se concluir que se trata de uma espécie nova.
Os indivíduos utilizados para descrição da espécie foram coletados, em sua maioria, na Reserva Ecológica do IBGE, sendo todos os indivíduos provenientes do córrego Taquara e seus tributários (córregos Roncador, Onça e Tapera). Segundo um dos autores do estudo, Mauro Ribeiro, mesmo realizando inúmeras coletas em diversos rios na região desde os anos 80, ele nunca encontrou essa espécie em outros córregos. Com esses dados, os autores estimam que a área de ocorrência atual do Characidium onca seria de aproximadamente 15 km².
Além de ter uma distribuição tão restrita, a nova espécie foi descoberta em uma situação delicada. O entorno do conjunto de unidades de conservação em que foi registrado o peixe tem observado crescente processo de urbanização e expansão agrícola, além de importantes mudanças na hidrologia. Isso porque os córregos em que foi registrado a nova espécie deságuam num trecho de cerca de 7 km do ribeirão do Gama (beirando área urbana) o qual deságua no Lago Paranoá. Este lago artificial, fruto da construção de uma barragem no rio Paranoá em 1959, apresenta ambientes ecologicamente bastante distintos do antigo rio Paranoá.
De acordo com os critérios usados em todo o mundo pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), os quais são adotados no Brasil pelo ICMBio, a espécie tem características que permitem que ela venha a ser incluída na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas na categoria de “Criticamente em Perigo”. Hoje a Reserva Ecológica do IBGE abriga 30 espécies de animais oficialmente classificados como ameaçados de extinção. Dentre elas há uma espécie de peixe, o pirá-Brasília (Simpsonichthys boitonei), que também tem distribuição restrita ao Distrito Federal.
O artigo completo com a descrição da espécie pode ser acessado no endereço: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0224-2020-0061
Córregos com registros de Characidium onca (linhas azul escuro). Na imagem é visível a região central de Brasília, o Lago Paranoá, trecho do ribeirão do Gama conectando a área de ocorrência da espécie com o lago (linha azul claro) e a Reserva Ecológica do IBGE (linha vermelha).
O IBGE lançou, no dia 15 de dezembro, a segunda edição do Atlas do Espaço Rural Brasileiro. A publicação, dividida em 11 capítulos, faz parte da comemoração dos 100 anos do Censo Agropecuário, e conta com análises diversas de temas que revelam as características dos produtores e dos estabelecimentos agropecuários, refletindo as diferentes formas de ocupação e uso do território brasileiro.
Como salientou a coordenadora do projeto, Adma Hamam de Figueiredo, para retratar a complexidade do espaço rural as análises devem considerar as dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e ambientais. Por isso, além das informações do Censo Agropecuário 2017, a publicação integra dados das pesquisas econômicas e ambientais do IBGE e dados de fontes externas, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Agricultura e meio ambiente
O capítulo 7 – Agricultura e meio ambiente – traz a análise da relação entre o homem e o meio natural, decorrentes da ocupação do espaço rural. Essa relação foi traduzida em 16 pranchas, que abordam questões relacionadas à dinâmica do espaço rural, que ao mesmo tempo em que é condicionado pelas ofertas ambientais, também afeta o ambiente e a sua capacidade de continuar fornecendo os serviços ecossistêmicos necessários à manutenção dessas atividades com bons níveis de produtividade.
Dessa forma, são abordadas questões como a adoção ou não de práticas conservacionistas, a preservação/recomposição de áreas de preservação permanente, entre outros. Esses temas permitem não apenas identificar os principais problemas, mas também as oportunidades de melhorias nos sistemas produtivos da agropecuária, de modo a garantir a sustentabilidade da produção e dos recursos naturais.
Segundo a servidora Mariza Alves de Macedo Pinheiro, a equipe da Gerência de Recursos Naturais do IBGE no Distrito Federal (GRN-DF) teve a oportunidade de participar desse projeto contribuindo com duas pranchas, totalizando quatro mapas inseridos no capítulo sobre meio ambiente: Biomas - Estabelecimentos Agropecuários e Polinização.
O mapa Biomas - Estabelecimentos agropecuários retrata a distribuição de áreas dos estabelecimentos rurais nos diferentes biomas brasileiros, segundo a sua utilização. Para alcançar esse resultado, os dados dos setores censitários foram combinados com as células da grade estatística do IBGE (1km²) e, posteriormente, com os limites dos biomas. Foram consideradas cinco classes (matas/florestas, pastagens, sistemas agroflorestais, lavouras e tanques/lagos/açudes), conforme os itens do questionário do Censo Agropecuário 2017. Além disso, é apresentado também, em forma de tabela, um detalhamento dessa informação com a subdivisão de algumas dessas classes e o seu percentual em cada bioma.
Já os três mapas de polinização ilustram a contribuição dos polinizadores à produção agropecuária em temos físicos (total da produção) e monetários (valor total da produção). Para obter esses resultados, foram pesquisados os valores referentes às taxas de dependência de polinização de cada cultura. Os dois primeiros mapas integram os três tipos de lavouras: temporárias, perenes e horticultura, e foram espacializados por município. No terceiro mapa, a contribuição foi espacializada por Região Geográfica Intermediária (Regint) e por tipo de lavoura.
A publicação pode ser acessada gratuitamente em formato digital no Portal do IBGE e na Plataforma Geográfica Interativa (PGI). Por meio da PGI, é possível cruzar dados, criar outros mapas e baixar tabelas e projetos em diversos formatos.